GPLv3: Um ano depois

Há um ano atrás, depois de 18 meses de ampla consulta à comunidade e interesses empresariais, as terceiras versões das licenças GNU General Public Licence (GPL) e GNU Lesser General Public Licence (LGPL) foram lançadas, em 29 de Junho de 2007. Em Novembro, elas se juntaram à GNU Affero General Public Licence (AGPL). Vendo essas licenças hoje, observadores do software livre e grátis (FOSS) as julgaram como um modesto sucesso, e as creditaram com a continuação de educar as pessoas sobre o software livre.

Os números da adoção da família GPL variam um pouco, dependendo com quem você fala. De acordo com Doug Levin, presidente em CEO da Black Duck Software, uma empresa que analisa o software livre, 2.476 projetos agora estão usando a terceira versão da GPL, 358 estão usando a LGPL e 72 a AGPL. Theresa Bui, vice-presidente de marketing da Palamida, uma firma com missão similar, apresenta números similares; 2.271 são GPL, 261 são LGPL e 100 AGPL. A diferença nos números é provavelmente explicada pelo fato que os números da Black Duck incluem transições planejadas para as licenças, enquanto os números da Palamida não. Os altos números da Palamida para a AGPL são provavelmente devidos ao recente interese da Palamida na licença, como evidenciado por esse blog.

Além do mais, a Palamida analisa números de projetos que usam a versão da GPL que contém uma cláusula que permite que contribuidores usem a versão 2.1 ou mais nova da licença (que inclui, logicamente, a verão 3.0). Esse números são: 6.467 para a GPL e 372 para a LGPL. Já que a AGPL não estava em uso amplo até a terceira versão, ela não está incluída nesses números.

Apesar da diferença nos números, ambas, Black Duck e Palamida, concordam com as tendências em geral. Ambas concordam que, tendo todas versões e variantes da GPL como única unidade, eles representam cerca de 70% de todas as licenças livres em uso. Além disso, ambas concordam que a taxa de adoção da terceira versão da GPL e LGPL permanece estável em cerca de 220 por mês, e que esse crescimento não parece ter chegado na expansão das segundas versões. Ambas esperam que essas tendências continuem com pequenas mudanças para o resto de 2008. Nem que as terceiras versões tomem o lugar das segundas versões tão cedo.

A principal diferença na taxa de adoção vem com a AGPL. Levin é cauteloso em dizer sobre as tendências da AGPL, observando que ela foi lançada a apenas seis meses. Ele apenas diz que "tem havido algumas escolhas na adoção da AGPL". Em contraste, Bui diz que a adoção da AGPL "está começando a decolar". Ela prevê outros 50 projetos estarão usando a licença em Agosto, e descreve esta estimativa como "incrivelmente conservadora". Ela vai além dizendo que a AGPL está de longe causando mais excitação que as últimas versões da GPL e LGPL, provavelmente porque receberam menos atenção no processo de consulta que produziu as terceiras versões, e, por isso, veio mais como uma surpresa.

Em contraste, Bui disse que a lenta porém estável taxa de adoção da GPL e LGPL era previsível. Em vez de se precipitar em mudar para novas licenças, els diz, "projetos de software têm apenas mantendo ao longo do antigo ciclo de vida e, quando nova versões forem lançadas, eles convertem para GPLv3".

Uma tendência notável na adoção das terceiras versões é que projetos e empresas que se opuseram ou eram neutras durante o processo de consulta não parecem que mudaram de opinião. "Parece que as pessoas que tinham dúvidas significativas sobre sobre ela [a licença GPLv3] uma ano atrás não as eliminaram", disse Bui. Como resultado, enquanto algumas empresas proeminentes e projetos foram movidos para as terceiras versões, incluindo o SugarCRM, Sun Microsystems e OpenOffice.org, outros, igualmente influente, não mudaram, incluindo o kernel Linux e o MySQL.

A resistência direta dos desenvolvedores do kernel Linux que era tão destacada durante o processo de consulta pode estar atrasando a taxa de adoção. "O fato que o kernel não tenha adotado a GPLv3 é uma parte significante de algumas decisões de grupos não adotarem", disse Bui.

Ainda assim, Bui e Levin vêem a terceira geração da família GPL como sendo estável, se bem-sucedida. "Não vemos nenhum sinal das tendências crescerem ou decrescerem pelo resto do ano", disse Bui. Como para a segunda geração, ele prevê que " ela não perderá, nos próximos dois anos, sua posição como a licença número um".

Similarmente, diz Levin, "Acredito que a GPL terá um crescimento normal de cerca de 10% por mês no próximo ano. Isso significa que haverá em torno de 6.000 projetos usando as licenças a partir de agora. Continuará crescendo que continuará a ser um fator na mescla das licenças, mas as outras licenças continuarão a ser usadas".

Outra medida de sucesso

Entretanto, estatísticas são apenas uma forma para medir o sucesso das licenças, como Peter Brown, diretor executivo da Free Software Foundation, enfatiza. Embora Brown diga que está "feliz com a taxa de adoção", sugestiona que a mais importante prova do sucesso das licenças é a sua habilidade de educar usuários de software livre e "prevenir que softwares livres se tornem proprietários. Nesse sentido, estamos felizes".

Brown também não está indevidamente preocupado que as segundas versões continuam dominantes, mesmo que elas ofereçam menos proteção que as versões recentes. "Não é como se tivessem saído da GPL", ele observa. "É a mesmo GPL, por um lado".

Em vez disso, Brown sugestiona que o processo de consulta e as próprias terceiras versões "ajudaram o diálogo sobre o progresso do software livre". O fato que grandes seções da comunidade FOSS foram consultadas sobre a escrita de novas licenças ajudou ambas a educar as pessoas sobre as questões em torno dele, e dar-lhes um papel relevante no processo.

Além disso, a Free Software Foundation fez consideráveis esforços para educar os usuários sobre as licenças, como sua página sobre as vantagens da terceira versão.

Essas sugestões são apoiadas pelas observações da Bui em sites de clientes de pessoas usando seus conhecimentos das licenças GPL para ajudar o planejamento do ciclo de vida do produto. "Isto é devido ao bom trabalho da FSF", disse ela. "Eles têm feito um ótimo trabalho educando as pessoas sobre a GPL e abrindo suas mentes".

Brown também opina que a falta de contestações legais das terceiras versões podem ser a medida de seus sucessos, embora admita que elas podem estar muito novas para serem contestadas, e que as segundas versões não receberam muitas contestações, ainda. Mas ele credita ao processo de consulta com melhorias da linguagem jurídica das licenças, assim como tornar claro a partir do número de pessoas envolvidas na consulta o tamanho de uma comunidade de possíveis violadores seria formada.

Ainda sim outro fator pode ser que os campos de tecnologia foram pegos com a licenças. Quando as licenças estavam sendo elaboradas em 2006-2007, tecnologias fechadas (DRM) estavam apenas começam a surgir, então a linguagem para preveni-las foram vistas como radicalmente desnecessárias. Agora, com exemplos como o iPhone, muitas adições estão começando a parecer longe de vista.

"O ponto principal é: estamos satisfeitos que as mudanças que fizemos parecem ter feito seu trabalho", disse Brown.

Futuras medidas de sucesso

Um ano após as terceiras versões começarem a ser lançadas, um julgamento absoluto de seus sucessos ainda é impossível. Nenhum comparação pode ser feita com o sucesso da segunda versão depois de seu lançamento em 1991, por que a comunidade do software livre e a pressão sobre ela mudou uma drasticamente desde então.

Por outro lado, as licenças continuam a ser uma obra em andamento. Uma das mudanças na terceira versão é uma maior aceitação para exceções - cláusulas especiais que fazem pequenas modificações à licença GPL básica. Brett Smith, engenheiro da FSF, ainda está trabalhando com a comunidade para modernizar e melhorar as exceções para a terceira geração. "A GPLv3 saiu na sexta-feira, e eu cheguei na segunda-feira e comecei a trabalhar nas exceções", disse Smith. Um ano depois, elas continuam ocupando muito do tempo dele, mas a eficiência será o principal fator em como avaliar as funções da própria licença.

Levará muitos anos para ver exatamente o bom trabalho que terceira versão faz da "futura proteção do software livre", como Brown denomina. Ele suspeita que o teste cabal será a habilidade da AGPL criar e proteger as aplicações livre de rede. Também não se exclui a possibilidade de uma eventual quarta geração das licenças em resposta a descobertas de novos pontos cegos.

Por enquanto, a única medida do sucesso é que a terceira geração da família GPL parece ser sólida. Ela não substituía segunda geração, como muitos admitiram que seria quando o processo de criação começou em 2006. Ainda sim, se contar separadamente da segunda geração, em um ano ela se tornou a sétima licença livre mais popular, de acordo com as estatísticas da Black Duck.

Como Brown observa, "a GPLv3 é provavelmente a licença mais adotada no último ano. E parece que alcançou seus objetivos por enquanto". Para qualquer outra licença, sua performance seria um sucesso disparado. Somente se comparar com a dominância da segunda versão da licença GPL que o sucesso da terceira versão pode parecer desapontador.

Mas o êxito final da terceira versão da GPL, e a questão de saber ela substituirá a segunda geração ou continuará coexistindo com ela, permanece quase tão incerto como era um ano atrás.

Fonte: Bruce Byfield@Linux.com

 
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