Desktop? Qual Desktop??

Está chegando o fim do ano e, inevitavelmente, há uma nova rodada de artigos revisando o ano e prevendo o próximo ano abastecendo a mídia especializada. Simplesmente existe algo em 1º de janeiro que obriga jornalistas e blogueiros a embalar os últimos 366 dias num belo e arrumado pacote e prever como as coisas acontecerão durante os próximos 365 dias.

Não sou só eu que noto; aparentemente, sem qualquer conversa entre nós, Amanda McPherson escreveu sobre a mesma coisa. Mentes brilhantes, é o que parece...

A maior previsão que sempre ouvimos é: 20XX será o ano do Linux nos desktops? E logo após você recebe um rosário de motivos por que o Linux irá ou não conquistar o seu espaço como o legitimo dominante no universo dos sistemas operacionais, porque, claramente, é isso o que é o desktop.

Mas veja, é o seguinte: se o Linux terá sucesso nos desktops simplesmente é a pergunta errada. A melhor pergunta a se fazer é onde o Linux está tendo sucesso hoje e se ele terá sucesso no futuro? Por exemplo: O Apache com Linux continua dominando as pesquisas sobre webservers da Netcraft. Mas nunca ouvimos que 2000-e-qualquer-coisa é o ano do Linux nos servidores web, embora você pudesse criar argumentos que o século 21 seja o Século do Linux nos Servidores Web. Por que é assim?

É assim porque, realmente, poucas pessoas pensam sobre o sistema operacional de cada webserver. Quero dizer, quem liga, certo? Eu entro num site no Firefox, leia a página, assisto o vídeo, escuto a música e está tudo bem, Ocasionalmente, posso perceber o aviso ".aspx" que me informa o provável motivo sobre o porquê do site parecer lento. Mas, além disso, raramente penso nisso, é o meu trabalho de ser geek.

O desktop, por outro lado, está aí. Na sua cara. Você pode dizer na hora qual plataforma a pessoa está rodando no PC, apenas olhando. Sim, se tem janelas, menus, caixas de diálogo e barras de tarefas, é uma revelação perdida.

Por causa dessa visibilidade, o desktop é visto como objetivo a ser alcançado para o verdadeiro sucesso de um sistema operacional. Não importa de esse sistema operacional tem êxit em outras plataformas, como webservers, supercomputadores, telefones, receptores. Esses, aparentemente, não contam.

Sei que alguns de vocês estão dizendo agora (porque já escutei antes): Estou abandonando o argumento do Linux no desktop dizendo que não importa. Mudando as regras do jogo eu posso fazer do Linux o ganhador. Dito isso, entretanto, estou desistindo do Linux no desktop. O que eu, enfaticamente, não estou. Quero o Linux em quantos desktops for possível. Só estou expandindo a definição do que é o sucesso para o Linux. Não é apenas o desktop, e nunca deveria ter sido.

O outro motivo porque não gosto das proclamações "o ano do desktop" para o Linux é que ninguém, até hoje, foi capaz de me dizer que como o ano seria. Neste momento, as melhores estimativas da fatia de mercado no Linux nos desktops gira em torno de 1-2 por cento do total do mercado. Dobra isso para quatro por cento faria do Linux no desktop um sucesso?

Eu realmente gostaria de saber como seria a definição de sucesso do Linux nos desktops. Quem cria tal definição? Eu? Eu trabalho para a Linux Foundation, que diria que não sou tendencioso? A imprensa? Muitas agendas diferentes, e o mesmo com a blogosfera. Analistas? Poucas agendas se eles são bons, mas quem acreditaria neles? E mesmo se o Linux atingir algum objetivo arbitrário até a definição de alguém de vitória nos desktops, sempre haverá alguém para tentar invalidar o objetivo com um novo. "O Linux atingiu 10 por cento? Ainda continua a ser uma pequena minoria...". Embora 10 por cento do mercado seja maior do que os Macs têm hoje.

A melhor medida do Linux nos desktops é como você ou a sua empresa o usam. Você pode implementar o Linux e economizar tempo e dinheiro? Ele está funcionando para você? Sim?

Aí está a sua resposta.

Fonte: Brian Proffitt@Linux Foundation
 
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