Distro gNewSense liberta o Ubuntu

Os amantes do software livre podem se alegrar este mês com o lançamento do gNewSense 2.0 (pronuncia-se "gui-niu-sense"), a mais nova versão da popular distribuição baseada no Ubuntu Hardy Heron. Chamada de DeltaH, este sistema operacional inclui somente softwares em que os usuários têm o direito de rodar, estudar, adaptar, redistribuir e melhorar todo o software e o código. Afinal, o gNewSense é apoiado e patrocinado pela Free Software Fundation (FSF). A exigência da liberdade de software exclui uma grande quantidade de software, incluindo drives proprietários para redes sem fio (wireless) e placas de vídeo, deixando a maioria dos usuários com uma distro menos funcional - embora menos problemática - derivada do Ubuntu 8.04.

O gNewSense é uma maravilhosa alternativa ao Gobuntu, a distro derivada do Ubuntu patrocinada pela Canonical. De acordo com a wiki, a versão 8.04 do Gobuntu não foi lançada devido a reação abaixo da expectativa da comunidade. O Gobuntu usava o mesmo repositório do Ubuntu, e o Ubuntu LiveCD pode realizar a mesma instalação do Gobuntu pela simples seleção da opção free-software-only no instalador (aperte F6 duas vezes no menu do boot). Além disso, Mark Shuttleworth, o fundador do Ubuntu, indicou que ele prefere se focar no gNewSense porque o trabalho nessa distribuição pode ajudar a comunidade Ubuntu como um todo.

Ubuntu sem software proprietário

O gNewSense remove mais de 100 partes de código e firmware proprietário do kernel do Ubuntu, incluindo o suporte para chipsets gráficos ATI e Nvidia e drivers de rede sem fio. Na versão atual, as extenções proprietárias da OpenGL para o X foram removidas do servidor X padrão. O Firefox foi substituido pelo Epiphany para evitar problemas em torno das reivindicações de marcas registradas Mozilla. O Epiphany tem uma boa performance, como também é baseado em bibliotecas GNOME e se integra muito bem ao desktop.

A distribuição é baseada em pacotes pré-complilados, assim como o Ubuntu, e fornece seus próprios repositórios para instalação e update de software. O repositório de software proprietário do Ubuntu, o Restricted, não está incluso e não pode ser adicionado facilmente, como pode no Gobuntu. O repositório Universe do gNewSense, que inclui softwares que não fazem parte da instalação normal, é habilitado por padrão. Toda documentação não-livre e artwork (temas, ícones, papéis de parede, etc) incluso no Ubuntu foi removido, embora o papel de parede e ícones na versão DeltaH foram refeitos para embelezar o desktop um pouco. A mais nova versão também inclui suporte para os pacotes source do Debian.

A maioria do usuários escolherão instalar o gNewSense pelo LiveCD. Quando os usuários estiverem prontos para particionar seus discos e instalar a distribuição para seus discos rígidos, eles podem fazer isso usando o instalador Ubiquity pelo ambiente gráfico.

Todas aplicações que você encontra no Ubuntu também está incluida no gNewSense, com exceção do Firefox. Os pacotes build-essential e gcc - que fornecem suporte para compilar software via código-fonte - estão inclusos, assim como o editor de texto Emacs e aplicações como OpenOffice.org, Pidgin e GIMP. Os usuários têm um conjunto completo de aplicações desktop juntamente com algum suporte para desenvolver e instalar aplicação pelo código-fonte.

Com o script Builder incluido no gNewSense, você pode criar sua própria distribuição Linux usando somente software livre. Isso é perfeito para pessoas que não querem adicionar ou distribuir software com licenças de uso restrito ou limitado. É fácil de usar: os desenvolvedores da distro só precisam colocar as informações básicas, como o nome da distribuição e a lista de pacotes inclusos, no arquivo de configuração e o script criará o repositório e as imagens de CD para você. A única desvantagem é que isso requer o download de cerca de 40GB de pacotes, assim como uma conexão de internet rápida é extremamente recomendado. Essa abordagem pode ser melhor que usar algo como o AptOnCD para sua distribuir a amigos ou usar como um backup de segunrança.

Por que se preocupar com o gNewSense?

Então por que alguém iria instalar um clone menos robusto do Ubuntu que muito provavelmente não funcionará com alguns dos hardwares mais usados? Para ser muito honesto, a maioria dos usuários não vão usar o gNewSense no uso diários, se muito. Ainda, há alguns benefícios para desenvovedores. Colocando os benefícios ideológicos da software livre de lado (embora eles possam ser bastante persuasivos), o gNewSense é a distribuição perfeita para programadores usarem para testar seus hardware para a compatibilidade com o software livre. Há um benefício substancial para fabricantes de hardware fornecerem suporte nativo ao Linux sem instalação de nenhum módulo de kernel ou driver proprietário, e usando o gNewSense é uma ótima maneira de se fazer isso. Além disso, o gNewSense pode funcionar como um "exemplo modelo" para outros desenvolvedores de software e de distribuições. Afinal, constatemente sacrificam a praticidade e usuablidade pela conformidade, e isso dá ao mundo a realidade de como um sistema operacional livre parece. É a atualização de um ideal que foi anteriormente difícil de por em prática. A FSF pode também colher benefícios pela existêcia do gNewSense: por uma coisa, agora ela tem uma distribuição que pode ser sinceramente recomendada, patrocinada e endosada.

O argumento mais persuasivo para o gNewSense é algo como um paradoxo, porque ele pousa na fraqueza das distribuições. Cada problema, bug e questões decorrentes do uso individual do software livre é uma sugestão viva para os desenvolvedores sobre areas que eles devem se focar. Esse trabalho - a descoberta de pacotes problemáticos e a criação de solução viáveis de software livre - é central para a lógica referida por Shuttleworth. Ao descobrir os erros no suporte de software e corrigi-los e encorajar fabricantes de hardware para corrigir e desenvolver melhores drivers e firmwares livre, os desenvolvedores estão criando um benefício para toda a comunidade.

O gNewSense pode ser um incômodo para usar, mas ele pode ser o fator chave na evolução do Linux.

Fonte: Kurt Edelbrock@Linux.com

 
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